sábado, 12 de abril de 2014

Festival Folclórico do Amazonas pode ser reconhecido como patrimônio cultural de natureza imaterial


Na última quinta-feira, 10, reunidos na quadra do GRES Andanças de Ciganos, os representantes de mais de 500 agremiações folclóricas anunciaram que estão realizando um abaixo-assinado para enviar ao governador José Melo, ao prefeito Artur Neto, ao presidente da ALE, deputado Josué Neto, e ao presidente da CMM, vereador Bosco Saraiva, solicitando que o Festival Folclórico do Amazonas seja reconhecido como patrimônio cultural de natureza imaterial do Amazonas e de Manaus.
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Os grupos folclóricos de Manaus reúnem mais de 80 mil pessoas. Nos diversos municípios amazonense existem mais de 3 mil grupos folclóricos, totalizando quase 200 mil pessoas envolvidas diretamente com essas manifestações culturais.
A exemplo de Manaus, os grupos folclóricos dos municípios também se ressentem de um maior apoio e incentivo dos órgãos públicos.
A ideia dos grupos de Manaus é que essa iniciativa seja replicada em cada município, como forma de valorizar e preservar a nossa autêntica cultura popular.

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Participaram da reunião, como representantes da classe política, o deputado Adjunto Afonso, o secretário municipal de Cultura, Bernardo Monteiro de Paula, e os vereadores Arlindo Jr., Rosivaldo Cordovil, Ednailson Rozenha e Terezinha Ruiz.
Os representantes das agremiações folclóricas não mediram palavras para denunciar o descaso com que vem sendo tratado o cinquentenário festival (que terá sua 58ª edição este ano), chegando ao cúmulo de, no ano passado, ter sido realizado em agosto. E apontaram o nome do principal culpado pelo atual estado de coisas: o matusalém secretário estadual de Cultura, Robério Braga, há 18 anos no cargo.
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“Esse cidadão [Robério Braga] não gosta de cultura popular. Ele quase acabou com o carnaval amazonense. Agora, ele está quase acabando com o Festival Folclórico do Amazonas”, avisou Ivo Moraes, sendo delirantemente aplaudido pela multidão presente no evento. “Ele gasta verdadeiras fortunas com festivais de ópera, cinema e jazz, mas tem um verdadeiro desprezo pelas nossas raízes culturais. Apesar de estar investido em um cargo público, esse cidadão {Robério Braga] se comporta como um senhor do engenho que quer manter os artistas locais confinados na senzala.”
O discurso de Ivo Moraes foi interrompido pelos gritos de “Fora, Robério! Fora, Robério!” entoado incessantemente pela multidão. Os representantes políticos não esconderam o constrangimento por aquela manifestação espontânea de quase 600 pessoas presentes na quadra dos Ciganos.
Durante seu discurso, Adelson Cavalcante, o “Adelson da Ciranda”, anunciou a presença na plateia do incansável Zé de Cima, que há 50 anos participa do Festival Folclórico do Amazonas e é considerado uma lenda viva entre os folcloristas. “Esse homem [Zé de Cima] merece respeito. Ele não pode ser tratado como um mendigo pedindo para apanhar as migalhas que caem no chão da mesa dos poderosos”, detonou, sendo bastante aplaudido.
Além do reconhecimento do Festival Folclórico do Amazonas como patrimônio cultural de natureza imaterial, Adelson quer que seja construída a Cidade do Folclore, com local fixo para apresentação dos grupos, galpões para confecção de fantasias e adereços, e um museu sobre o folclore do Amazonas permanente aberto para a visitação pública.
Histórico do Festival
O Festival Folclórico do Amazonas teve seu início em 21 de junho de 1957, no Campo do Quartel 27 B.C., Estádio General Osório, no centro histórico de Manaus, por iniciativa do jornalista Bianor Garcia.
Desde o início, o festival reuniu diversas danças folclóricas de bairros de Manaus, contribuindo para difundir a cultura popular do Amazonas, por meio dos bumbás Mina de Ouro, Corre Campo e Tira Prosa e pelas apresentações de cirandas, danças nordestinas, quadrilhas, danças regionais e tribos.
Até a década de 70, o festival era apresentado local hoje ocupado pelo Colégio Militar. Com a construção do colégio, em 1979, as organizações dos eventos procuraram um novo espaço para abrigar a festa. O festival passou a ser apresentado em diferentes lugares: Parque Amazonense, Estádio da Colina, Estádio Vivaldo Lima (Vivaldão).
Em 1979, com a fundação da Associação dos Grupos Folclóricos do Amazonas (AGFAM), com o presidente fundador Carlos Magno Duarte de Souza, a festa foi levada para a Praça Francisco Pereira da Silva, “Bola da Suframa”, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura.
O novo local agradou a todos, pois possibilitou a manutenção das características originais do evento: a de um grande arraial, com barracas, parque de diversão e muitas outras atrações.
Depois disso, com a construção do Sambódromo, o festival ainda passou a ser realizado no local, na área denominada ferradura.  O evento voltou a ser apresentado na Bola da Suframa até que o governo de Amazonino Mendes optou por construir no local o Memorial da Amazônia. Na época da construção, o festival voltou a ser apresentado no Sambódromo.
Em 2003, no governo de Eduardo Braga, o Memorial da Amazônia foi adaptado e passou a receber o nome de Centro Cultural Povos da Amazônia. O Centro Cultural é dotado de uma grande arena medindo 60×90 m, arquibancadas para um público de 15 mil pessoas, banheiros amplos e fixos e a praça de alimentação.  O festival passou a ser apresentado na arena.
Patrimônio cultural
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial e, também, ao estabelece r outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário – além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº. 25, de 30/11/1937, que é adequado, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos.
Os Bens Culturais de Natureza Imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).
Nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
É apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade, mas isso o longevo secretário estadual de Cultura ainda não sabe…//(Simão Pessoa)

Fonte: Por -



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