sábado, 28 de fevereiro de 2015

BBB e seus participantes racistas e preconceituosos

O histórico da atração traz vários comentários preconceituosos e situações problemáticas contra as minorias que tanto lutam para ter suas identidades reconhecidas
Por Artur de Francischi no Prosa Livre
O Big Brother Brasil está, mais uma vez, no ar. O programa está em sua 15ª edição, e é marcado pelas inúmeras situações problemáticas protagonizadas pelos participantes e pela produção do mesmo, que pouco faz para corrigi-las. Se pegarmos o BBB como reflexo da nossa sociedade, veremos que está tudo ali: racismo, misoginia, homofobia e apagamento de pessoas trans.
Na edição de 2012, por exemplo, houve um caso de estupro, onde o participante acusado foi expulso da atração, numa das raras ações assertivas do Big Brother Brasil. Mas isso não aconteceu antes de uma manifestação na internet e uma ação da Polícia Civil.
Neste ano um dos “brothers”, sem qualquer cerimônia, contou ter espancado uma mulher em duas situações, na segunda a moça chegou a ficar inconsciente. Douglas foi eliminado pelo voto popular e, ao sair da casa, disse estar arrependido do que fez e que hoje é até “feminista“.
Eu já falei bastante sobre o assunto aqui no blog. Homem que quer ser feminista tem que ir além do discurso de “salários iguais para todos”. Homens, enquanto agentes da opressão sobre as mulheres, precisam desconstruir esses ideais de masculinidade embutidos e ensinados a nós. É bacana que você queira que todos recebam o mesmo salário, mas uma sociedade igualitária precisa mais do que um discurso bonito.
Por fim, nesta terça uma das poucas participantes negras foi eliminada, a Angélica. Não assisto ao BBB, mas acompanhei o racismo sofrido pela “sister” na internet. A hashtag #AngelicaoBrasilTeOdeia tornou-se um dos assuntos mais comentados no Twitter, onde destilou-se todo o preconceito do brasileiro contra ela. Ao sair da casa, a auxiliar de enfermagem disse que pensa em processar quem a ofendeu, atitude tomada, inclusive, por sua família.
Na eliminação desta terça, o programa perdeu a oportunidade de falar de racismo. Pedro Bial foi conversar com a mãe da ex-participante. Ao vê-la feliz, o apresentador perguntou a ela o motivo, ao qual a mãe respondeu:
“Porque o que minha filha estava passando aqui e a gente passando lá fora. Estava pedindo a Deus, aos meus orixás, ao meu pai Ogum, minha mãe Oxum, porque a gente estava sofrendo demais aqui fora com o racismo”.
Dito isso, Bial cortou a conversa. Se dentro do Big Brother Brasil Angélica tocou diversas vezes no assunto, do lado de fora o apresentador pareceu querer silenciar a ela e sua família. “Não há tempo suficiente para comentar sobre isso”, alguns podem pensar. Mas quando teremos tempo para falar sobre racismo, então?
O BBB é uma vitrine da sociedade atual. Os exemplos citados nesse post são só dois casos recentes desta edição, que ainda teve um participante (possivelmente Rafael) comemorando não ter homossexuais neste ano na casa. O histórico da atração também traz vários outros comentários preconceituosos e situações problemáticas contra as minorias que tanto lutam para ter suas identidades reconhecidas.
“A nave louca”, como se refere Pedro Bial, poderia ser algo de outro mundo mesmo. Infelizmente, é só reflexo real do que é o brasileiro.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ivana Bentes convoca coletivos para serem cogestores de políticas culturais


Ivana Bentes convoca coletivos para serem cogestores de políticas culturais
A secretária do MinC, em hangout com internautas, defendeu a rearticulação e a ampliação dos Pontos de Cultura, e ressaltou importância de trabalhar lado a lado com os articuladores culturais; segundo ela, fortalecer a mídia livre é outro objetivo da gestão.

Após pouco mais de um mês no cargo, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultura do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, já está se mobilizando para rearticular e ampliar a rede dos Pontos de Cultura – a maior política em âmbito cultural já implementada no país. Em hangout com internautas, realizado nesta terça-feira (24), a secretária admitiu uma certa inércia das gestões anteriores do MinC em relação ao diálogo com os articuladores culturais, mas garantiu que eles serão fortalecidos e que novos serão contemplados pelos editais.
De antemão, a secretária já anunciou alguns editais que o Ministério da Cultura vai lançar em 2015: são os dos Pontos de Cultura Indígena, Pontos de Mídia Livre, Cultura de Redes, Acessibilidade Cultural, Cultura LGBT, além da retomada do edital de Interação Estética.
De acordo com Ivana, a ampliação da rede de Pontos de Cultura no país será possível graças à implementação da Lei de Cultura Viva, que vai desburocratizar todo o processo cadastral e de prestação de contas dos grupos e coletivos.
“Com a Lei de Cultura Viva a gente vai começar um processo muito importante que é um cadastramento e um mapeamento dos pontos de cultura. Não só os que já ganharam recursos, mas vamos começar a caravana para uma campanha de auto declaração dos pontos de cultura. Isso é uma demanda histórica daqueles que nunca ganharam um edital do Ministério”, explicou.
Ela ressaltou ainda que quer que os Pontos de Cultura atuem como cogestores na criação e implementação de políticas para a área.“A gente quer que os Pontos de Cultura voltem a ser os formuladores da política pública, com proposta de ações, de mapeamento das novas redes.”
Para isso, a professora da UFRJ pretende fazer uma grande caravana pelo Brasil para contemplar todos aqueles fazedores de cultura – desde aldeias indígenas, quilombolas, até coletivos de cultura de rede – que não são reconhecidos hoje como Pontos.  Além disso, a Lei de Cultura Viva, segundo ela, permitirá que os coletivos culturais se autodeclarem Pontos de Cultura. “Essa vai ser uma secretaria itinerante e nômade”, afirmou.
Mídia Livre e articulação em rede
Durante o papo com os internautas, Ivana destacou a importância de fortalecer políticas públicas voltadas para a mídia livre e os veículos de mídia independente como forma também de fomentar as narrativas no próprio âmbito da cultura.
“As ações de mídia livre são estratégicas para a Cultura. Quem produz cultura, também produz comunicação. O desafio é que mais pessoas, em especial a juventude, se aproprie das tecnologias. Também estamos pensando muito nas políticas de licenciamento. Com certeza, Mídia Livre e Cultura Digital terão espaço de destaque em nossa gestão”, pontuou.
Indo além, a secretária do MinC falou sobre a necessidade de se pensar em políticas para a articulação em rede entre os coletivos, o que, segundo ela, é fundamental para a efetividade da produção cultural no momento em que vivemos.
“A gente quer que o conhecimento e a cultura circulem (…) Juntos é sempre mais barato e rápido. Os grupos que se articulam em rede efetivamente conseguem um tipo de articulação política e de fazer cultural que produz diferença hoje. A gente tá num momento tecnológico que facilita a articulação em rede”, explicou.
Confira a íntegra do hangout com Ivana Bentes.

Fonte:


fevereiro 24, 2015 17:09