domingo, 5 de abril de 2015

NOVENA DE SÃO BENEDITO - Tradição Renovada

A cultura africana, através de seus costumes, tradições, músicas, danças e comidas está sendo fortemente representada em Manaus, desde do dia 29 de março, quando iniciou a Festa de São Benedito, realizada há 125 anos na Comunidade do Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito, no bairro Praça 14. 

“A cultura africana tem importância fundamental para a formação cultural do Amazonas. Essa festa está passando por uma grande reformulação e o Governo do Amazonas fica muito orgulhoso em participar da disseminação desses costumes e tradições”, afirmou o governador do Amazonas, José Melo.

Uma das novidades deste ano é o retorno da tradicional “Banda do Dedé”. Dedé era um morador da comunidade e durante quase 30 anos (entre as décadas de 1970 e 1990) foi o responsável por tocar o “Hino de São Benedito” durante todos os dias de festa. Depois de sua morte (no final da década de 1970) esta tradição ficou deixada de lado e há mais de 15 anos o Hino de São Benedito não era tocado por uma banda.
“Estamos retomando as principais tradições da festa, aumentando as atividades realizadas e mostrando de uma maneira mais ampla a influência da cultura negra em nosso Estado”, afirmou Jamily Souza da Silva, organizadora dos festejos de São Benedito no Amazonas.

Neste sábado (04 de abril) mais uma vez a tradição falou mais alto. Dando sequência a programação da Novena de São Benedito 2015, que está sendo realizada no Quilombo do Barranco no bairro da Praça 14, foi hasteado o mastro contendo a bandeira do santo.


Programação

A festa começou no dia 29 de março, com a “retirada do mastro da mata”. O mastro, de uma árvore Envira, é o símbolo da festa e representa a ligação entre o céu e a terra. O mastro é retirado da floresta uma semana antes do início do novenário de São Benedito e durante esse período preparado para a festa, sendo descascado, enfeitado com samambaias, frutas verdes, fitas vermelhas e recebendo uma bandeira de São Benedito. Ele foi erguido no local da festa no primeiro dia do novenário, marcado para este dia 4 de abril, sábado.

A partir do dia 4 e até o dia 12, haverá o novenário a São Benedito, sempre às 20h. No dia 12, a festa vai começar a partir das 8h, em frente à casa onde está o altar e imagem de São Benedito (na rua Japurá, nº 1360), Praça 14.

Às 17h, inicia a procissão, que percorrerá as ruas Japurá, Jonathas Pedrosa até à rua Tarumã, onde haverá a missa em louvor a São Benedito, na igreja de Nossa Senhora de Fátima. Após a celebração, a procissão voltará para o ponto de partida, percorrendo as ruas Jonathas Pedrosa, Ramos Ferreira, Emílio Moreira e Japurá.

A partir das 19h, haverá o derrubamento do mastro e distribuição de comidas como vatapá com arroz, bolos, salgados e a tradicional bebida “aluá”, além de água e refrigerante.
A cerimônia ocorreu às 18h em ponto e foi acompanhada por um bom número de devotos de São Benedito - o santo negro católico.




            


Só os homens são responsáveis por levantar o mastro, que é ornamentado com samambaias, frutas verdes, fitas vermelhas e recebendo uma bandeira de São Benedito.














O Quilombo
O Quilombo do Barranco de São Benedito é o segundo quilombo urbano do Brasil, recebendo esse título em outubro de 2014.
A comunidade iniciou-se com a vinda de Dona Maria Severa Nascimento Fonseca, negra, ex-escrava, que veio do Maranhão para o Amazonas por escolha própria, que após receber a carta de alforria de seu Senhor, conhecido como Dr. Tarquinho.
Veio para o Amazonas em meados de 1890 com seus três filhos (Manoel, Antão e Raimundo) e foram recebidos pelo militar e conterrâneo Eduardo Gonçalves Ribeiro. Maria Severa trouxe consigo o símbolo de maior devoção da família até hoje, a imagem de São Benedito, que, conforme os antigos contam, veio de Portugal e foi dado a ela de presente.
A família começou a delimitar a área e construíram um barracão, uma espécie de terreiro, onde passaram a praticar seus costumes e crenças. Logo depois, mais maranhenses foram chegando e, a maioria, com a ajuda de Eduardo Ribeiro, eram encaminhados para esse lugar, que virou símbolo de resistência negra na cidade de Manaus. Por isso, o nome de “Vila dos Maranhenses”.
A comunidade permanece no mesmo lugar há mais de cem anos, formada a partir de famílias advindas do Maranhão, descendentes de escravos e que vieram para trabalhar em Manaus, principalmente na construção de prédios, hoje considerados históricos (como o Teatro Amazonas).

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